A guerra é sobrenatural

Houve um tempo em que no Reino da Igreja a luz nunca se punha. A cada segundo, em algum lugar, uma missa começava, sempre igual nos gestos e palavras em latim, e o mundo vivia então envolto por um coro de vozes sussurradas que simulava, no limite do humano, a eternidade dos anjos em sua louvação a Deus.

E assim o catolicismo resistia à pressão das trevas. Não eram tempos fáceis. E a luta era feroz e desigual. Escritores católicos que desde 1789 resistiam – e são tantos os nomes esquecidos! – se amparavam sobrenaturalmente nesse coro de vozes. Mas com o tempo – sempre o tempo – o coro foi se apagando, se apagando, se apagando – até que em dado momento as trevas prevaleceram: o tempo engoliu a eternidade – e cada missa hoje é o que o padre pretenda que ela seja, e cada igreja hoje é o que o padre pretenda que ela seja, e cada fiel hoje é o que ele pretenda ser. Uma legião de cabeças – e em cada cabeça, uma sentença.

É o tempo pós-conciliar, o nosso tempo.

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O Sínodo da Amazônia

Sínodo da Amazônia: pretexto para promover a primeira etapa da ordenação de mulheres, seguindo os passos da Igreja Anglicana

É curiosa a situação do pontificado do Papa Francisco. Sendo o mais liberal de todos os papas pós Vaticano II, Francisco parece querer levar o liberalismo do Concílio ao seu grau máximo. Tanto por suas frases de efeito como pela prática de aceitar e elogiar pecadores públicos, e mesmo pelas liberdades que deu à Fraternidade São Pio X, Francisco parece não ter medida no seu plano de abrir tudo a todos.

Poderíamos denunciar os erros doutrinários e morais contidos em seus pronunciamentos ou em seus documentos, mas estamos diante de uma situação nova, ao vermos cardeais e bispos do clero oficial atacarem o papa com acusações por vezes mais salgadas e agressivas do que tudo o que a Fraternidade São Pio X já publicou contra os papas do Vaticano II.

Pela primeira vez em 50 anos vemos textos, conferências, livros sendo publicados contra os excessos doutrinários do atual papa. Poderíamos pensar que essa situação é altamente favorável à Tradição, pois poderia significar uma aproximação desses bispos da Tradição, mas a realidade é outra.

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O Supremo não é Sagrado

“Supremo enfrenta processo de dessacralização”, diz o título da coluna de Josias de Souza. Mas o “sacro”, a que um dia já se arvorou o Supremo Tribunal Federal, é só uma versão secularizada da verdadeira sagração do poder.

Coroação de D. Pedro II. Óleo sobre tela, 2,38 x 3,10 m, de François-René Moreaux, 1842

Depois de proclamar a independência frente a Portugal, D. Pedro I fez questão de ser sagrado Imperador pelas mãos do clero, numa cerimônia muito semelhante às rubricas litúrgicas do Pontifical Romano. Ainda que sua motivação pudesse ser meramente terrena (de afirmar a legitimidade do grito do Ipiranga), aquele ato não deixava de reconhecer a verdadeira origem de todo o poder.

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A Defensoria contra os indefesos

G. K. Chesterton: uma democracia dos mortos em defesa dos não-nascidos

Chesterton era mestre em levar às últimas conseqüências as falsas premissas das ideologias modernas, até o ponto de revelar alguma contradição inescapável que nos força, gentilmente, a reconhecer o acerto da posição católica.

Uma das mais célebres é aquela, no capítulo 4 da Ortodoxia, em que define a tradição como “uma extensão dos direitos civis”, uma “democracia dos mortos”, um modo de viver em sociedade que “significa dar votos à mais obscura de todas as classes, nossos antepassados”. Assim como repugna a um democrata que alguém despreze uma opinião só pelo fato de ela vir de um favelado, assim repugna a um tradicionalista que se despreze o conselho de alguém só pelo fato de ser nosso bisavô. Xeque-mate: confrontado com esse argumento, ou o democrata reconhece o valor da tradição, ou cairá em contradição com sua retórica de defesa dos mais necessitados, dos esquecidos, dos que não têm voz.

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Profanações na França

Uma onda de profanação de igrejas e atos de vandalismo anticatólicos vem acontecendo na França desde o começo do mês. Três igrejas foram profanadas em Nîmes, Lavaur e Houilles .

Em Houilles, a igreja de São Nicolau passou por três atos de vandalismo em dez dias. A imagem da Madonna e da Criança que adornava a fachada da igreja estava “reduzida a pó”, conta o padre da paróquia. “Cristo carregando a cruz foi jogado ao chão no coro e do assento no qual o padre senta foi derrubado “. A queixa, no entanto, foi arquivada.

Em Nîmes, o tabernáculo da igreja Notre-Dame des Enfants foi quebrado e as hóstias atiradas nas paredes e no chão. Uma cruz foi desenhada com excremento. Fezes também foram jogadas nas paredes internas. Uma investigação foi aberta pelo prefeito de Gard e confiada à segurança departamental da polícia de Nîmes.

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Os ratos do porão

A regra de ouro do bom vice é falar pouco sem dizer nada.

Já sabíamos da dificuldade do general Hamilton Mourão para cumprir a primeira parte da regra, mas quando resolveu abusar também da segunda, disse mais do que uma bobagem: atentou contra o próprio programa de governo que o levou ao poder pelo voto de conservadores e católicos ao afirmar que o aborto seria um “problema da mulher”. Uma questão de “foro íntimo”, digamos assim.

Se a ouvidos conservadores a declaração pode chocar, para um católico ela é intolerável. Sr. Hamilton Mourão, o senhor é duplamente excomungado: como maçom e como abortista.

Ele diz que essa é sua opinião “como cidadão e não como membro do governo”. Acontece que sua opinião interessa porque ele é vice. E vice de uma chapa eleita com o claro compromisso de barrar a legalização do aborto.

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