A história da Áustria é cheia de episódios admiráveis, nos quais vemos como que a Mão de Deus guiando aquela brava gente. Pensemos, por exemplo, na expansão prodigiosa daquele longínquo povo do leste que, fundado num senso profundo de dever religioso, a pietas austriaca, expandiu-se por todo orbe não por meio de guerras, mas do matrimônio. Lembremos tantos episódios gloriosos, como a vitória espetacular contra os otomanos no século XVII ou a figura de Francisco José que, em plena questão romana, gemia em defesa de Pio IX: “Pois bem, se a minha coroa deve ser despedaçada, antes quero que o seja sobre as escadas do Vaticano, defendendo a justiça e a religião, que às portas de Viena ou de Presbourg pelas mãos dos amotinados!”
“Rezai o rosário e haverá paz”
No domínio dos princípios, não devemos confiar demais no conservadorismo. Somos Católicos, “mas nem tudo que é conservador nos convém”, para dizê-lo ao modo de São Paulo. Não somos um grupinho conservador. Defendemos a Fé, a Missa, a Santa Tradição e, no campo do combate propriamente político, devemos duvidar de todo êxito puramente humano.
Encerro este “post” com a lembrança de um verdadeiro milagre que brotou de Mariazell, o grande santuário mariano austríaco. A guerra tinha acabado, mas o país seguia ocupado pelos russos comunistas. A situação era desesperada. ***
Foi quando o padre Petrus Pavlicek ouviu um pedido do Céu: “Rezai o Rosário e haverá paz”. Em seguida, o padre organizou uma “cruzada do rosário”, com sucesso extraordinário: 10.000 inscritos no primeiro ano. Ao invés de esmorecer, a iniciativa renovou-se a cada ano, sempre com número maior de inscritos: foram 50.000 no ano seguinte. Os ministros soviéticos não pareciam dispostos a ceder, e ameaçavam: “Não tendes esperança. O que nós, russos, tomamos posse, jamais abandonamos”. O número de inscritos, contudo, continuava a aumentar, e chegou a 200.000 fiéis dedicados ao santo rosário em prol da libertação do seu país.
— Quantas divisões tem o papa de Roma?, perguntou Stalin durante a guerra em tom de deboche.
Em 1955, quando a cruzada atingiu meio milhão de adeptos, o Céu fez conhecer quantas divisões possuía e conduzido por São Miguel, e liderado pela Senhora vitoriosa de todas as batalhas de Deus, varreu de uma vez por todas os comunistas russos da pátria consagrada pelo Rosário. Foi naquele ano que a Áustria reconquistou sua liberdade. Ave Maria.
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*** Ver “O milagre austríaco”, de Christopher Ferrara, Revista Permanência # 272