Notícias da Áustria

A história da Áustria é cheia de episódios admiráveis, nos quais vemos como que a Mão de Deus guiando aquela brava gente. Pensemos, por exemplo, na expansão prodigiosa daquele longínquo povo do leste que, fundado num senso profundo de dever religioso, a pietas austriaca, expandiu-se por todo orbe não por meio de guerras, mas do matrimônio. Lembremos tantos episódios gloriosos, como a vitória espetacular contra os otomanos no século XVII ou a figura de Francisco José que, em plena questão romana, gemia em defesa de Pio IX: “Pois bem, se a minha coroa deve ser despedaçada, antes quero que o seja sobre as escadas do Vaticano, defendendo a justiça e a religião, que às portas de Viena ou de Presbourg pelas mãos dos amotinados!”

“Estamos só começando”
Os últimos 50 anos daquele país, despedaçado, é verdade, desde a Grande Guerra, em nada recordam a antiga grandeza. A vida política na Áustria viu-se nivelada à mediocridade européia, com dois partidos revezando-se no poder: o ÖVP (Democracia-cristã) e o SPÖ (social-democracia). Agora, contudo, como também tem ocorrido em outros países, uma onda conservadora tem surgido e adotado medidas animadoras: o governo atual se decidiu a atacar o problema da islamização crescente do país. 
 
Além de reduzir a ajuda aos estrangeiros asilados, os austríacos passaram a pressionar a UE pela criação de centros de refugiados para além das fronteiras da Comunidade Européia. Não é tudo, anunciaram a interdição do véu islâmico afim de ‘favorecer a aquisição dos valores verdadeiramente austríacos’, e decidiram fechar todas mesquitas construídas com fundos estrangeiros: apenas este ano, além de deportarem vários imans, sete mesquitas foram fechadas. O vice-chanceler austríaco não recuou diante dos protestos da Turquia e acrescentou: “Estamos só começando” — é reconfortante ver uma atitude varonil finalmente vir da Europa!
 
Na defesa da moral natural, contudo, o governo da Republik Österreich ainda está longe de demonstrar a firmeza da vizinha Hungria, no que se refere ao combate à ideologia do Gender ou ao aborto. Não obstante, iniciou medidas para estimular o aumento da preocupante taxa de fecundidade do país (1,52 filhos p/ casal), muito aquém dos níveis mínimos para a manutenção da população. Ademais, resolveu reprimir fortemente a criminalidade — o que é sempre louvável.
 

“Rezai o rosário e haverá paz”
No domínio dos princípios, não devemos confiar demais no conservadorismo. Somos Católicos, “mas nem tudo que é conservador nos convém”, para dizê-lo ao modo de São Paulo. Não somos um grupinho conservador. Defendemos a Fé, a Missa, a Santa Tradição e, no campo do combate propriamente político, devemos duvidar de todo êxito puramente humano. 

Encerro este “post” com a lembrança de um verdadeiro milagre que brotou de Mariazell, o grande santuário mariano austríaco. A guerra tinha acabado, mas o país seguia ocupado pelos russos comunistas. A situação era desesperada. ***

Foi quando o padre Petrus Pavlicek ouviu um pedido do Céu: “Rezai o Rosário e haverá paz”. Em seguida, o padre organizou uma “cruzada do rosário”, com sucesso extraordinário: 10.000 inscritos no primeiro ano. Ao invés de esmorecer, a iniciativa renovou-se a cada ano, sempre com número maior de inscritos: foram 50.000 no ano seguinte. Os ministros soviéticos não pareciam dispostos a ceder, e ameaçavam: “Não tendes esperança. O que nós, russos, tomamos posse, jamais abandonamos”. O número de inscritos, contudo, continuava a aumentar, e chegou a 200.000 fiéis dedicados ao santo rosário em prol da libertação do seu país.  

No final da Segunda Guerra Mundial, a Áustria foi dividida em quatro zonas ocupadas por americanos, ingleses, franceses e russos, que controlavam a parte que incluía a capital, Viena, a mais industrializada e rica em recursos naturais. 

 — Quantas divisões tem o papa de Roma?, perguntou Stalin durante a guerra em tom de deboche.  

Em 1955, quando a cruzada atingiu meio milhão de adeptos, o Céu fez conhecer quantas divisões possuía e conduzido por São Miguel, e liderado pela Senhora vitoriosa de todas as batalhas de Deus, varreu de uma vez por todas os comunistas russos da pátria consagrada pelo Rosário. Foi naquele ano que a Áustria reconquistou sua liberdade. Ave Maria.

______________________
*** Ver “O milagre austríaco”, de Christopher Ferrara, Revista Permanência # 272