Esperamos do Papa Francisco aquilo que todo católico pede à Igreja no seu batismo: a fé.
O padre Davide Pagliarani, Superior Geral da Fraternidade Sacerdotal São Pio X, concedeu um entrevista exclusiva ao jornal austríaco Salzburger Nachrichten, publicado neste sábado, 15 de dezembro de 2018.
A tradução desta entrevista – de uma clareza e objetividade genuinamente esclarecedoras – está no no site da Permanência.
O post sobre o cachorro abatido em circunstâncias ainda não esclarecidas trouxe algum equilíbrio a um assunto que o sentimentalismo já arrastara para o ridículo. Esperneiam por legislações especiais que punam o “cinocídio” quando a tradição católica já confere às outras criaturas de Deus um lugar que exclui o abuso e a negligência.
Cristo é o Cordeiro. O Espirito Santo apresentou-se como uma pomba. Jesus nasceu entre os animais. Santo Antônio pregava aos peixes e fez ajoelhar o burrinho diante da hóstia. São Jerônimo conquistou a amizade de um leão. De São Francisco nem se fale. E há a moeda que Jesus manda buscar na boca de um peixe.
Deus é vivo e verdadeiro. Tocados pela Santidade, não só os cegos veem, os surdos ouvem e os aleijados andam, mas também os peixes ouvem, as bestas se curvam, e as feras se amansam, num vislumbre do que seria a Criação antes do pecado.
Neste último dia 11 de dezembro, completou-se um século do nascimento de Aleksandr Isayevich Soljenítsin, o mais famoso dissidente da antiga União Soviética. Ganhador do prêmio Nobel de literatura em 1970, ele foi prisioneiro do regime durante oito anos, tornou-se escritor clandestino e acabou exilado nos Estados Unidos.
Sua obra-prima, Arquipélago Gulag , foi traduzida em todo o mundo e expunha os horrores e a irracionalidade do que Julio Fleichman chamou em seu ‘Itinerário’ de “esgoto da história”: o regime comunista.
O livro o fez famoso e reconhecido, mas Soljenítsin enriqueceu sem perder a simplicidade. Nunca se esqueceu dos ex-companheiros de cela. Engajou sua fortuna em projetos humanitários para o auxílio material das vítimas e seus familiares. Em sua dedicatória expia sua memória: “ Dedico este livro a todos quantos a vida não chegou para o relatar. Que eles me perdoem não ter visto tudo, não ter recordado tudo, não me ter apercebido de tudo”. Comove ler vários trechos do manuscrito:
” E nenhuma outra coisa você recordará pela vida afora com tanta emoção.(…) Essas pessoas compartilham com você o chão e o ardente cubo de pedra, nesses dias em que você revivia toda a sua vida sob uma luz nova. E algum dia você se lembrará delas, como se fossem pessoas da família.”
Convidado para ministrar a aula inaugural da Universidade de Harvard em 1978, Soljenítsin denunciou em que se fiava o ‘sucesso’ do regime soviético: no apoio entusiástico e na simpatia dos ‘intelectuais’ ocidentais, que acabavam por isolar o país da pressão externa. Comportamento que denotava uma decadência, como explica:
” Desde os dias do Renascimento até hoje, nós enriquecemos nossa experiência, mas nós perdemos o conceito da Suprema e Inteira Entidade que costumava frear nossas paixões e nossa irresponsabilidade. Nós colocamos esperança demais em reformas políticas e sociais para descobrir enfim que fomos privados do nosso mais precioso bem: nossa vida espiritual.”
Na década de 1950, o escritor se converteu à Igreja “Ortodoxa” Russa, e quando migrou para o Ocidente, na década de 1970, muito de sua visão de mundo passou a ser intensamente criticada – pelos mesmos intelectuais cujo adesismo ele denunciara.
O New York Times desta semana resume a imagem que dele se forjou:
“O que ele advogava era um líder forte, que mantivesse a ordem em seu país, encorajasse mais a religião e o apoio estatal à igreja russa, junto com a revitalização do patriotismo e o retorno aos valores tradicionais …”
E conclui o jornal:
“Ele pareceu ter seus desejos satisfeitos em 2000, quando o sr. Yeltsin entregou a presidência para um homem que compartilhava suas visões nacionalistas e personificava seu ideal de líder forte: Vladimir Putin. O novo líder russo o convidou a sua residência buscando seus conselhos, e em 2007 ele o condecorou com uma comenda estatal por suas atividades humanitárias.”
Aqui devemos atentar para dois pontos. Primeiro, a questão do nacionalismo, confundido com o amor à pátria, ou simplesmente com a virtude da piedade, tão bem esmiuçada no artigo de Jean Madiran publicado na última Revista Permanência, número 291. Em segundo lugar, o problema do conservadorismo, que combate por meios inadequados o espírito revolucionário, seja comunista ou progressista.
Esses pontos parecem convir ao católico em primeira instância, mas é preciso que entendamos o que se quer dizer com cada uma dessas palavras, e quando o fizermos, percebermos quão diferente é a política em que acreditamos e a que é teorizada e praticada pelos chamados políticos de ‘direita’.
Nesse sentido o autor do Arquipélago Gulag é o profeta destes tempos promissores, pero no mucho, cuja ‘onda conservadora’ tão comemorada por especialistas parece ter origem em um homem como Putin.
Aos nossos leitores, adianto que a próxima edição da revista publicará um artigo original de um católico romano, russo de nascença, que nos descortinará quem é verdadeiramente o presidente da Rússia. Aguardem…
No último dia 28, um cachorro de nome Manchinha foi morto cruelmente pelo segurança de uma rede de supermercados em Osasco – SP, gerando uma onda de protestos no país, uma comoção nas redes sociais, projetos de leis mais duras contra os maus-tratos aos animais e ameaças a funcionários do estabelecimento onde o delito aconteceu.
A espetacularização do caso é resultado da profusão de câmeras de segurança nas grande cidades associado aos smartphones nas mãos dos passantes, que documentam abusos, e abusam de documentar o que testemunham, sem atentar para a falta de educação ou a passividade a que se obrigam pelo ato de filmar: são capazes de deixar de salvar o afogado para melhor registrar o afogamento.
Disponibilizam para os grande meios de comunicação as indecências, crueldades e indiscrições que captam pelos aparelhos, por vezes em tempo real, e alucinam os consumidores com sentimentos confusos de comoção pelas vítimas e de execração e perseguição aos verdugos da vez.
Quando um cão desperta uma plêiade de emoções e uma revolta eloquente, invertendo o senso das proporções, e indignando as pessoas em grau maior do que nos crimes contra a própria espécie – cada vez mais bárbaros e mais frequentes – percebemos a profundeza do abismo moral em que mergulhamos.
Os animais, ensina o Magistério, foram criados por Deus para servir ao homem, que só pode se servir deles como instrumento do serviço de Deus. Em outras palavras, os animais, como os outros seres criados por Deus, existem em primeiro lugar para a glória de Deus, e em segundo lugar para o auxílio do homem na busca de seu fim, a salvação de sua alma.
Dom Lourenço costuma dizer que a glória da vaca é virar churrasco. De seu sangue serviram-se os sacerdotes do Antigo Testamento, do seu couro serviu-se São João Batista para sua túnica. Quantos cavalos não foram montados por santos? Se não fossem os peixes, como seria a história dos Apóstolos?
Não compete às leis proteger os bichos inventando um Direito Ambiental ou da Fauna e Flora. As leis seriam mais justas se se preocupassem com os direitos de Deus e nossos deveres para com Ele. Assim sendo, as negligências, abusos e maus-tratos perpetrados contra as Suas criaturas, mesmo de bichinhos abandonados como Manchinha, seriam elencadas no nosso código penal harmonizadas com os princípios de ordem e justiça, próprios do direito natural.
Esse sentimentalismo moderno faz amar as coisas desordenadamente e deve ser combatido. Qual espécie de comoção terá a mesma cidade de Osasco e o país quando lerem a noticia de hoje? Ninguém filmou as marretadas, não é mesmo?
Foi uma surpresa ler semana passada a clara desaprovação do ingresso de homossexuais nos seminários e nas ordens religiosas pelo Papa Francisco.
Diz a notícia: Francisco disse que “não há espaço” para a homossexualidade nas vidas de padres e freiras e que a Igreja deve ser “exigente” na escolha de candidatos. “Por essa razão, a Igreja pede que pessoas com essa tendência enraizada não sejam aceitas no ministério [sacerdotal] ou na vida consagrada”, afirmou.
A desaprovação é diferente da condenação peremptória de papas e santos de séculos anteriores. Vejamos o que há 450 anos São Pio V, um papa e santo, declarou na bula Horrendum illud scelusde 30 de agosto de 1568:
” Portanto, desejando adotar com maior rigor o que decretamos desde o início de nosso pontificado, estabelecemos que todo sacerdote ou membro do clero, seja secular ou regular, de qualquer grau ou dignidade, que cometa esse horrendo crime, por força da presente lei seja privado de qualquer privilégio clerical, de qualquer ofício, dignidade e benefício eclesiástico; e que, uma vez degradado pelo juiz eclesiástico, seja entregue imediatamente à autoridade civil para receber a mesma punição que a lei reserva aos leigos que se lançaram nesse abismo.”
Em várias de suas crônicas, Nelson Rodrigues citava o “óbvio ululante”, que até os paralelepípedos eram capazes de apontar. Exemplifico: “E o óbvio baixou, de repente, no estádio. Não há mais dúvida, não há mais nada. O jogador que o óbvio escala é inarredável, irreversível, assim na terra como no céu.”
Parece exagero, mas é esta degenerescência do bom senso um dos frutos mais tristes da modernidade. Um seminarista com tal fraqueza, que deseja ou que pratica a sodomia, é e sempre foi uma péssima vocação. Um padre ‘pervertido’ é o quadrado redondo.
Quem acredita que pessoas que sentem atração por outras do mesmo sexo (SSA) podem guardar continência, isto é, não sucumbirem às tentações contrárias mesmas à natureza, parece se esquecer de como se dá a vida sacerdotal ou religiosa. Padres, freiras, monges e irmãos religiosos normalmente vivem em comunidade, quase sempre dividindo quartos, salas e banheiros, sentam-se na mesma mesa, emprestam-se roupas e utensílios, compartilham de uma muito particular intimidade familiar e espiritual, e quase sempre, exclusivamente com pessoas do mesmo sexo.
No caso de seminaristas e noviças, há ainda a leviandade da adolescência e juventude, com sua curiosidade e manifestações fisiológicas. Todas essas premissas bastariam, e bastam, para explicar a tradicional exclusão de homossexuais de ambientes comunitários, como quartéis, navios, colégios internos e acampamentos como os de escoteiros.
Entretanto, a vida religiosa pressupõe o sobrenatural. Diz Santo Tomás:
” (…) O ministério [leigo] referido consistia na prestação de serviços materiais, que também os pecadores podem licitamente prestar. Diferente porém é o que se passa com o ministério espiritual, a que se aplicam os ordenados; porque esse os torna medianeiros entre Deus e o povo, e por isso devem brilhar pela boa consciência na presença de Deus, e pela boa fama, no meio dos homens” E mais: “Certos remédios exigem uma robustez natural, do contrário seriam tomados com perigo da vida. Outros porém podem ser dados aos fracos. Assim também na ordem espiritual, certos sacramentos são ordenados como remédio do pecado; e esses devem ser ministrados aos pecadores, como o batismo e a penitência. Mas os que conferem uma perfeição supõem que quem a recebe é confirmado pela graça.“
Em tempos de grandes escândalos no clero sem a devida punição e condenação por parte do seu chefe, algumas palavras, ainda que envergonhadas, que constatam simples obviedades, soam como novidade na boca do papa do “quem sou eu para julgar?”.
Mais uma vez somos apresentados ao que de pior o Vaticano II e seus herdeiros podem produzir. Com alguma pompa, o presépio do Vaticano de 2018 foi inaugurado na última sexta junto com a árvore de Natal.
A “obra de arte” ficará na praça de São Pedro de 7 de dezembro a 13 de janeiro.
A novidade deste ano é a areia, material escolhido para as esculturas, que representam a natividade de maneira menos simples do que parece.
Somos escandalizados pela cena que quer retratar “fielmente” a chegada do Salvador, sem deixar de retocá-las com aquele pendor da modernidade para a sensualidade, a fealdade e o “estranhamento”.
Que espécie de presépio pode ser este que sensualiza acima do pequeno menino Jesus, uma figura deformada de um anjo, feminino, despudorada e sinuosa, como que parodiando a Vitória de Samotrácia?
São José se destaca pelo gesto assustado, de aparente repugnância para com seu filho adotivo. É espantoso vê-lo no conjunto como o único personagem a depreciar o “espetáculo”.
Que espécie de católico crê que a humilhação dos símbolos mais caros ao catolicismo reverte em conversões ou numa aceitação melhor da Igreja e de Nosso Senhor?
Existem: O Arcebispo Rino Fisichella, presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, disse que a exibição de diferentes presépios sempre foi “um forte instrumento de evangelização”.