Índia: Brahma Contra a Cruz

Pela quarta vez em 2020, cruzes foram derrubadas no Estado de Karnataka, Índia. Nesta região, como em outros lugares do país, o partido no poder tornou a destruição de símbolos cristãos um de seus objetivos prioritários. A comunidade católica planeja tomar medidas legais.

“Uma agressão arbitrária realizada [pelas autoridades] contra os cristãos no atual clima de intolerância religiosa.” O arcebispo de Bangalore, Dom Pedro Machado, fez esta impactante declaração numa entrevista concedida a Asianews, em 29 de setembro de 2020, depois que cerca de quinze cruzes erguidas na colina próxima da igreja de São José, em Gerahalli (Estado de Karnataka), foram cortadas.

A profanação ocorreu em 23 de setembro, e mobilizou mais de 300 policiais para isolar os arredores imediatos do morro.

A polícia demoliu uma grande cruz de 32 metros de altura e 14 cruzes menores representando as Estações da Cruz.

Gerahalli, no entanto, não representa grande perigo para as autoridades: trata-se apenas de uma modesta paróquia frequentada por uma centena de famílias católicas que desejam viver sua fé em paz.

Padre Anthony Britto, pároco do local, diz que recebeu a visita de um agente administrativo em 22 de setembro de 2020. Este último o informou da sentença proferida pelo Supremo Tribunal Federal sobre o corte das cruzes, que começou já no dia seguinte. Profundamente indignados, os fiéis católicos começaram a protestar, alguns choravam, outros rezavam o rosário.

As autoridades culpam os católicos por erguer as cruzes em uma área de pastagem; mas altares hindus também foram instalados no mesmo lugar, que permaneceu intacto…

Em Karnataka, como na maioria dos Estados da Índia, o sombrio Partido Bharatiya Janata (BJP) está no poder. Seu slogan: o hindutva, ou retorno – voluntariamente ou à força – de todos os indianos para o seio da religião brâmane. Isso implica a erradicação de toda a adoração estrangeira na terra dos Marajás.

O pároco de Gerahalli, no entanto, não está desanimado: considera tomar medidas legais contra a decisão judicial, mas não devemos nos iludir sobre o resultado.

Enquanto isso, o padre convoca seus paroquianos a assumir a única arma capaz de dar a vitória: a oração.