[Publicamos, com a autorização do autor, o breve relato de um católico italiano, nosso amigo, que vive na região do Veneto — fechada por determinação legal em função da epidemia — sobre a situação do país]
Caro Amigo,
O momento atual da Itália é triste. O vírus, que agora se difunde facilmente, deu um golpe mortal nas nossas certezas, no senso de onipotência difundido por aqui até poucas semanas atrás.
Nas cidades desertas, silenciosas e atônitas surge a insegurança e o medo, mas também uma pergunta: Como foi possível tudo isso? Como se a doença tivesse surgido do nada. Ora, fomos nós, com nossa sede de dinheiro, com a cobiça do poder, que fomos encontra-lo nos imundos mercados da China materialista e comunista.
As centenas de mortos e os milhares de doentes que todos os dias enchem os nossos hospitais, colocando a dura prova o sistema de saúde italiana, não surgiram de repente do nada. São o fruto de comportamentos sem critérios, ditados por um estilo de vida que não sabe ver além de aparências.
Agora estamos nós aqui a nos condoermos por causa das restrições com que somos coagidos, pela impossibilidade de sair de casa, exceto por razões de extrema necessidade como ir ao supermercado e à farmácia. Quando cruzamos com algum raro transeunte na rua, olhamo-no com muita suspeita e aceleramos o passo.
É “politicamente correto” dizer que somos cidadãos do mundo, que já não existem barreiras econômicas, nem sociais e nem mesmo nacionais — Ideia iluminista falida já há tempos, mas que ainda apodrece nos dias de hoje.
Quando, portanto, saímos desses frágeis esquemas a realidade é bem diferente. “Infelizmente são frequentemente as epidemias (como também as guerras) que recolocam em circulação a morte, banida pelas hipocrisias desmilinguadoras da dita ‘sociedade civilizada’, e coagem os homens a redescobrirem a “Verdade”, arrancando-lhes à fórceps das convenções impostas pelos egoismos dominantes na nossa época” (Claudio Risé, jornalista)
Eis que então acontece aquilo que não queríamos nunca ver: os mortos que não podem ser velados pelos familiares; as exéquias fúnebres negadas, sem nenhuma missa; o padre apenas vem de modo privado, para uma rápida bênção.
As igrejas, como um comércio de sapatos qualquer, permanecem tristemente fechadas ou acessíveis apenas para uma breve oração, desde que se respeitem as distâncias de segurança entre os poucos presentes. Os sinos de tantos campanários italianos emudeceram.
Por lei, e ao menos até 03/04/2020, inclusive as capelas da FSSPX ficarão fechadas, mas ao menos um alívio nos foi dato pela decisão do Distrito da Itália da FSSPX de transmitir on line a santa Missa diária, o santo Rosário e algumas conferências.
Auguro a te e famiglia una buona quaresma. Un grande abbraccio,
Attilio.