Até onde ainda pode ir a banalização das relações? No caso, a pergunta ainda pode ser mais específica: até onde ainda pode ir a negação da vida e da própria espécie? A pílula do dia seguinte, uma espécie de aborto do aborto, prenuncia a absoluta irresponsabilidade e indiferença sexual, a redução do ato sexual a uma função fisiológica sem outra consequência que o alívio provisório da concupiscência.
Nos Estados Unidos, no campus da Universidade de Yale, a pílula do dia seguinte estará disponível nas máquinas de vender bebidas e guloseimas já na volta das férias de inverno. Aperta-se um botão e, em troca de uma moeda, da mesma máquina que poderia expelir um refrigerante ou uma batata frita, irá saltar uma pílula abortiva.
Por ora, essa é ainda a alternativa ‘última’, depois de falharem todos os outros meios de evitar a fertilização. Chegará o dia em que essa pílula se torne tão segura e efetiva que substitua os outros meios?
Parece que não. As pílulas do dia seguinte são uma espécie de extintor de incêndio, usado por mulheres que já utilizam um ou mais métodos contraceptivos, mas que por alguma razão recorrem a ela para não engravidar, seja evitando o encontro do óvulo com o espermatozóide (fertilização), seja evitando a implantação (nidação) do ovo (óvulo fecundado) na parede uterina, isto é, uma espécie de aborto, pois provoca a morte de um ser humano.
Como hoje as mulheres normalmente não demonstram nenhum impedimento moral para o uso de quaisquer meios de contracepção, o que passou a acontecer desde o fim do século XX é uma preocupação maior com as doenças sexualmente transmissíveis (DSTs).
A ‘camisinha’ foi e é distribuída de graça ou com grande facilidade para todas as pessoas desde os 13 anos. Em segundo lugar, as meninas passam a tomar pílulas muito cedo, consentidas ou mesmo estimuladas por pais e médicos. Assim passam a cobrir dois momentos da dinâmica da fertilidade, o ato sexual em si e a ovulação.
A pílula do dia seguinte já é usada no Brasil sem receita médica. E claro, sua popularidade aumentou muito desde 2005, mas o seu uso ubíquo e frequente mostrou se tratar de droga com riscos à saúde. Além disso, países “desenvolvidos” como os EUA oferecem concorrentes a este público: o aborto praticado pelo médico e a pílula abortiva propriamente dita.
Por estas razões, e outras como aumento da infertilidade, da sodomia e do lesbianismo, além da perda da libido, essas pílulas vêm perdendo consumidoras e sendo substituídas por um método antigo e mais perverso: o DIU. O DIU funciona impedindo a passagem do espermatozóide, a nidação do ovo, ou mesmo pela inibição da ovulação, quando é liberador de hormônio.
Outro ponto importante é o conceito de ‘empoderamento’ feminino. Parte da proposta de se vender essas pílulas em máquinas automáticas é lisonjear os egos das novas feministas, que advogam mais direitos sobre “seus corpos”, e igualdade de opções com seus pares masculinos. Querem fazer crer que essa ‘ciência’ é machista e por isso não desenvolve métodos similares para os homens.
No fim as potestades infernais saem ganhando de uma ou doutra maneira, pois essa banalização do sexo leva necessariamente ao desprezo da vida e da espécie humanas.
O saudoso Nelson Rodrigues já anunciava e repetimos com ele: “Sou contra a pílula, e ainda mais contra a ciência que a inventou; a saúde pública que a permite; e o amor que a toma.”