O ex-senador Nelson Carneiro recentemente teve seu nome aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça da Câmara para ser incluído no Livro dos Heróis da Pátria. O único ato político seu que permanece relevante é a autoria da Lei do Divórcio.
Segundo as regras para inclusão de um nome no Livro dos Heróis da Pátria, só podem ser inscritos brasileiros ou grupos de brasileiros que tenham oferecido a vida à Pátria, para sua defesa e construção, com excepcional dedicação e heroísmo. Curiosamente, o ex-senador, como autor da lei do divórcio, foi o precursor da primeira legitimação legal da destruição da família brasileira, e, por decorrência, da sociedade como um todo. É irônico como, em uma sociedade impregnada pelo espírito revolucionário, um terrível destruidor pode ser considerado um construtor e defensor.
Na passagem dos 40 anos da Lei, mesmo um jornalista progressista como Carlos Rydlewski reconheceu, em artigo para o Valor Econômico, a legalização do divórcio como a origem da nefasta reformulação do conceito de família e até mesmo do conceito de indivíduo.
É então quase uma ironia que a PL nº. 5453/2005, que reconhece gêneros além de masculino ou feminino nos registros civis, seja de autoria da filha de Nelson Carneiro, a deputada federal Laura Carneiro.
Nesse sentido, a inscrição do nome do ex-senador no Livro dos Heróis da Pátria só é compreensível se admitirmos que vivemos numa nação que há muito deixou de ser católica.
Apenas dói vê-lo ao lado de Padre José de Anchieta, por exemplo.