Na sua recente viagem aos Emirados Árabes, o Papa Francisco assinou uma declaração inter-religiosa em conjunto com Ahmad Al-Tayyeb, autoridade religiosa do lugar, com o fim de promover a fraternidade entre os homens. Como costuma acontecer nesses eventos, é a verdade católica que sai diminuída.
Além de subscrever a idéia de um Islã tolerante e amigo da paz — tantas vezes desmentida pela história recente — o Pontífice chega a atribuir à “Sabedoria divina” a “liberdade de credo e a liberdade de ser diferente”. Essa é a falsa fraternidade. Admitamos ao menos que o papa não inova aqui: João Paulo II chegou a beijar o Corão e invocar a proteção de São João Batista para o Islã.
Será preciso voltar a São Pio X e reler Notre Charge Apostolique para avaliarmos o quão longe estamos da doutrina tradicional da Igreja? Na Carta Apostólica, o santo condenava a utopia de se procurar a fraternidade fora da religião:
“Não, Veneráveis Irmãos, não existe verdadeira fraternidade fora da caridade cristã, que, pelo amor de Deus e de seu Filho Jesus Cristo nosso Salvador, abrange todos os homens, para consolar todos, e para os conduzir todos à mesma fé e à mesma felicidade do céu”.
Parece que o Papa da Pascendi tinha sob os seus olhos a declaração assinada nos Emirados Árabes:
“Que vão eles produzir? Que é que sairá desta colaboração? Uma construção puramente verbal e quimérica, em que brilharão desordenadamente e numa confusão sedutora palavras como liberdade, justiça, fraternidade e amor, igualdade e exaltação humana, tudo isso baseado numa dignidade humana mal compreendida. Será uma agitação tumultuosa, estéril para o fim proposto, e que aproveitará aos agitadores de massas, menos utopistas. Sim, na realidade, pode-se dizer que o Sillon escolta o socialismo, o olhar fixo numa quimera”.
Agradeçamos a Deus pelos bons padres que ainda temos. A Fraternidade São Pio X reagiu com veemência e, num Comunicado do Superior Geral, denunciou mais esse fruto podre do ecumenismo Vaticano II:
“O documento sobre a fraternidade humana pela paz mundial e a convivência comum, assinado pelo Papa Francisco e pelo grande Imã de Al-Azhar nada mais é do que uma casa construída sobre areia. E não apenas isso, é também uma impiedade que despreza o primeiro mandamento e que faz dizer à Sabedoria de Deus, encarnada em Jesus Cristo que morreu por nós na Cruz, que “o pluralismo e a diversidade de religiões” são uma “sapiente vontade divina “.
“Tais afirmações se opõem ao dogma que afirma que a religião católica é a única religião verdadeira (conf. Syllabus, proposição 21). Trata-se de um dogma e o que se opõe a isso toma o nome de heresia. Deus não pode contradizer-se.”
Sim, a abominação dos erros liberais invadiu o lugar santo. É preciso fugir para os montes em busca da doutrina verdadeira, de padres-padres e Missa-Missa. “Qui legit intellegat”.
P. S. Recomendamos a leitura da íntegra do Comunicado da Fraternidade São Pio X, que pode ser encontrado no excelente site Dominus est.