Nada. Ou quase isso. Que importa saber o que aconteceria “se a eleição fosse hoje?”, se a eleição de fato não é hoje, nem foi ontem, nem será amanhã?
A rigor, até o texto deveria ser diferente, porque esse “hoje” não é hoje, é um dia qualquer no passado, quando a pesquisa foi realizada. “Se a eleição tivesse sido há uma semana …”. Então hoje já poderia apresentar outro o resultado. Porque é óbvio que qualquer pesquisa fala do nosso humor de ontem. E, se nos mostram alguma coisa, é o quanto são volúveis os homens. Falta-lhes – ou a uma parcela deles – paciência, atenção, foco. E falta sobretudo entendimento, a compreensão de como funcionam as coisas.
E aí tem-se esse espetáculo em que o infeliz de ontem, é o alegríssimo de hoje; o inimigo jurado de ontem, o amigo de infância de hoje; e o covarde, o cético, o conformista de ontem, os mais exaltados na comemoração dos êxitos de hoje (e para os quais sequer torceram!).
Enfim, o que de fato sabemos a partir desse tipo de pesquisa é que não sei quantos por cento dos dois mil e tantos entrevistados votariam num determinado candidato se a eleição tivesse sido uma semana atrás.
Mas o que não ocorre a pesquisadores e jornalistas é que o entrevistado talvez só se disponha a votar em tal candidato exatamente porque sabe que não há eleições nesse dia, e portanto, ele está dispensado de qualquer racionalidade.
O fato é que a eleição aconteceu há onze meses e acontecerá de novo daqui a três anos e um mês. E ninguém se surpreenderá se mais uma vez os institutos de pesquisa errarem o nome do vencedor.
Uma coisa ao menos é certa: não há como errar no prognóstico de eleições imaginárias. Simplesmente porque uma pesquisa dessas é inverificável.