Apostasia canadense

Em Quebec, o tribunal quer tirar a cruz.

Escrevemos recentemente sobre a apostasia nos Estados Unidos. A situação do Canadá, contudo, não é melhor.

O país governando por Justin Trudeau vem se transformando numa espécie de inferno progressista, favorecendo todas as piores bandeiras. Quando Donald Trump cortou as verbas das organizações que patrocinavam o aborto internacionalmente, Trudeau correu ao seu socorro, repassando-lhes 700 milhões de dólares. Enquanto isso, ativistas eram presos no país por protestarem contra o aborto, como é o caso da católica Mary Wagner e de Linda Gibbons.

Nos últimos meses, legalizaram o consumo recreativo da maconha, lançaram moeda comemorando o pecado contra a natureza, alteraram o hino nacional para que ficasse “gender-free, decidiram arrancar os crucifixos dos tribunais de Quebec e já discutem estender a eutanásia às crianças.

Em paralelo a tudo isso, o recém criado Partido Islâmico de Ontário promete concorrer às eleições para fazer com que os princípios maometanos governem a vida pública. 

Essa revolução jamais ocorreria se não tivesse sido precedida de uma decadência dramática do catolicismo depois do concílio e da chamada “Revolução Tranqüila” dos anos 60. Até então, especialmente no Quebec, La belle Province, vigorava um catolicismo profundo. Mark Twain dizia que não era possível jogar um tijolo para cima sem quebrar a vidraça de alguma igreja, e Garrigou-Lagrange, que visitou o país no entre-guerras, registrou seu entusiasmo na Revue dominicaine:

“Chamam o Canadá de Nova França; parece-me antes que é o autêntico e vigoroso descendente da velha França de antes da Revolução, da velha França do século XVII; uma França catolicíssima, mas sempre jovem, progredindo sabiamente e prenhe de promessas para o futuro.” (Le meilleur des traditions canadiennes)

Não é mais assim. Se nos anos 60, na Província de Quebec, 80% da população assistia a missa dominical com alguma freqüência — o maior percentual da América do Norte — em anos mais recentes o percentual caiu para menos de 10%. O declínio é tanto, que as igrejas estão se secularizando aos montes: fala-se em uma igreja fechada por semana por falta de fiéis. Quebec ostenta os piores números do país quando o assunto é divórcio — pior do que as regiões originalmente protestantes — bem como o menor percentual de matrimônios. 

Esse quadro desolador, como se sabe, não é uma exclusividade do Canadá. É apenas mais uma prova de que algo de muito errado com o Concílio, e que a Missa de Paulo VI representa um risco para a Fé.