Conservadorismo revolucionário

Related image
Modelo de falsa obediência: o rei Saul é rejeitado pelo Profeta Samuel

Em nome do combate contra a esquerda, algumas vozes influentes no meio neo-conservador brasileiro, como é o caso de Bernardo Küster, vêm propondo aos católicos uma “união estratégica da Igreja com a maçonaria para combater movimentos revolucionários”.

Uma proposição como essa só pode se basear numa boa-fé suicida, numa ignorância criminosa ou numa malícia satânica. O comunismo, por exemplo, é cria da maçonaria, foi sempre estimulado por ela, tem os mesmos ideais que ela, é filho da Revolução como ela. É, na definição dos papas, uma “seita” como ela.

Ainda que haja guerras internas entre as tropas que compõem as forças da Revolução, todas estão unidas pelo ódio satânico que move a sua engrenagem, e marcham juntas pela destruição do catolicismo e pela implantação de uma República Universal — seus objetivos declarados. Os métodos de perseguição à Igreja e implementação dessa agenda política messiânica podem variar, mas seus princípios e objetivos são os mesmos.

Já em 1884, o papa Leão XIII, numa encíclica contra a maçonaria, confirma o vínculo entre os filhos das trevas, afirmando que a seita dos maçons não é hostil aos comunistas, mas “favorece grandemente seus desígnios, e tem em comum com eles suas principais opiniões” (Humanum Genus). Terão nossos “conservadores” lido as encíclicas papais? Terão consultado a extensa bibliografia que denuncia a estreita ligação entre a maçonaria e o comunismo?

O papa Leão XIII qualifica a maçonaria de “personificação permanente da Revolução”, o “reino de Satã na terra”. Ela esteve envolvida em praticamente todas as revoluções e guerras da história moderna. Lembremos que a aparência de sociedade filantrópica e humanitária revestida pela seita é mera fachada para esconder suas atividades, e qualquer católico minimamente conhecedor das advertências e anátemas dos papas deveria saber disso.

Mas, argumentarão: “O católico não pode entrar na maçonaria, porém uma aliança política é necessária e indispensável, afinal não se faz nada sem ela na política brasileira”. No entanto, a condenação da Igreja contra a maçonaria não se limita ao ingresso na seita, mas a qualquer colaboração com ela. Já em 1738, no primeiro documento da Santa Sé contra a pérfida sociedade, o papa Clemente XII anatematizava qualquer vínculo com os sectários:

“Proibimos, portanto, seriamente e em nome da Santa Obediência, a todos e a cada um dos fiéis de Cristo, de qualquer estado, posição, condição, classe, dignidade e preeminência que sejam; leigos ou clérigos, seculares, ou regulares, ousar ou presumir entrar por qualquer pretexto, debaixo de qualquer cor, nas sociedades dos maçons, propagá-las, sustentá-las, recebê-las em suas casas, dar-lhes abrigo e ocultá-las alhures, ser nelas inscrito ou agregado, assistir às suas reuniões, ou proporcionarem meios para se reunirem, fornecer-lhes o que quer que seja, dar-lhes conselhos, socorro ou favor às claras ou em secreto, direta ou indiretamente, por si ou por intermédio de outro, de qualquer maneira que a coisa se faça, como também exortar a outros, provocá-los, animá-los a se instruírem nessas sortes de sociedade, a se fazerem membros seus, a auxiliarem-nas, ou protegerem-nas de qualquer modo. E ordenamos-lhes absolutamente que se abstenham por completo dessas sociedades, assembleias, reuniões, corrilhos ou conventículos, e isto debaixo de pena de excomunhão, na qual incorre pelo fato e sem outra declaração, e da qual ninguém pode ser absolvido senão por nós, ou pelo Pontífice Romano reinante, exceto em artigo de morte.” (Bula In Eminenti)

É notável o fato de que a primeira bula contra a maçonaria tenha uma linguagem tão clara e forte. O papa não tardou em perceber a sua natureza diabólica, e bradou ao orbe católico uma advertência gravíssima. Que os católicos brasileiros atentem para as instruções dos sucessores de São Pedro e se mantenham longe da influência perniciosa dessa direita revolucionária e suas “uniões estratégicas”.

PS: Recomendamos a leitura do artigo Os Franco Maçons, no site da Permanência.