Seis décadas de mentira

A mentira inaugural: em seu primeiro discurso, pombas adestradas adornavam o futuro ditador que prometia eleições.

Hoje a mais antiga tirania da América Latina faz 60 anos. Seis décadas de mentiras, seis décadas de nada.

Foi no Réveillon do ano de 1959 que Fidel Castro e sua turma tomaram o poder na ilha-cárcere do Caribe, e seguem com seus herdeiros de ideologia no comando do país.

Naquele 1 de janeiro, Fulgencio Batista, que governava há 20 anos, fugiu de Havana para as notas de rodapé dos livros de história, enquanto o país, que Fidel acusava de “ilha da fantasia americana”, em pouco tempo se tornaria uma ameaça à paz mundial ao aliar-se a URSS e adotar o comunismo.

Da fantasia ao terror foi um passo: o país, que ostentava um padrão de vida europeu, logo conheceria fome, prisões, fugas em massa, extrema pobreza e claro, assassinatos patrocinados pelo Estado. É longa a lista de mazelas produzidas pelo comunismo. Mas as mais duradouras estão no campo moral: o sexo tornou-se moeda de troca e o aborto, legal e gratuito, não é sequer contabilizado em estatísticas.

Mas há quem celebre o desastre – aqui e lá fora.

O site Prensa Latina reporta: “O presidente russo, Vladimir Putin, enviou no domingo (30) felicitações ao ‘presidente’ de Cuba, Miguel Díaz-Canel e ao primeiro-secretário do Partido Comunista de Cuba, Raúl Castro, pela passagem do 60º aniversário da revolução cubana”.

Não podemos nos enganar. Vladimir Putin não representa uma Rússia conservadora nem anti-comunista. Em artigo para a Revista Permanência, Stanislav Protasenko, católico romano da tradição, revela a verdadeira face de Putin, que celebrado por muitos conservadores ocidentais como ‘restaurador’ da ordem czarista, em verdade representa o que Protasenko chama de “neossovietização”.

Escreve ele: “Portanto, o que está se passando na Rússia agora não é um renascimento espiritual, mas um renascimento soviético (ou neossoviético), envenenando todas as esferas da vida. Quem for a qualquer livraria de Moscou, São Petersburgo, etc., verá dezenas ou até centenas de livros de autores que podemos chamar de ‘revisionistas soviéticos’. (…)”. [A Época de Fátima Acabou? – Revista Permanência 292, Natal de 2018]

Venezuela e Nicarágua também se uniram para felicitar a data. Só falta a China… Que bom que nosso país deixou de aplaudir a existência longeva dessa tirania atéia.

Nelson Rodrigues já dizia: “A Rússia, a China e Cuba são nações que assassinaram todas as liberdades, todos os direitos humanos, que desumanizaram o homem e o transformaram no anti-homem, na antipessoa. A história socialista é um gigantesco mural de sangue e excremento.”

Eis nossa sina: espantar-nos com notícias velhas nos jornais de hoje.

PS: Não falta mais nada. Ontem o líder chinês Xi Jinping congratulou Raúl Castro pelo sexagésimo aniversário da Revolução Cubana.